Tether, o emissor do USDT, a maior stablecoin do mundo, está explorando novas maneiras de usar seus enormes lucros. E então a empresa agora está procurando empréstimos para comerciantes de commodities.

Isso poderia abalar seriamente o setor, que normalmente depende de bancos para crédito. A Tether já vem tendo conversas privadas com várias empresas que estão famintas por financiamento, de acordo com fontes internas.

O objetivo é oferecer empréstimos em dólares americanos para empresas que transportam produtos como petróleo, metais e alimentos pelo mundo todo.

A grande jogada da Tether no financiamento de commodities

O USDT já encontrou um lugar em países como Venezuela e Rússia. Traders e produtores de lá estão usando-o para evitar negociar em dólares americanos devido a sanções.

A Tether vê uma oportunidade de expandir isso oferecendo empréstimos ao setor de commodities em uma escala maior. O argumento da empresa é que ela pode fornecer financiamento sem todos os obstáculos regulatórios que os credores tradicionais enfrentam, o que poderia acelerar transações e pagamentos.

Os grandes players, como o Trafigura Group, têm acesso a bilhões de dólares em crédito por meio de bancos tradicionais. No final de março, a Trafigura tinha US$ 77 bilhões em linhas de crédito com cerca de 150 instituições.

Mas empresas menores não têm o mesmo nível de acesso. Elas frequentemente lutam para garantir os fundos necessários para manter suas operações funcionando sem problemas. A Tether está entrando para preencher essa lacuna.

A empresa tem relatado alguns lucros enormes ultimamente, o que lhes dá o poder de fogo para entrar neste espaço. Em seu relatório financeiro mais recente, ela mostrou um lucro de US$ 5,2 bilhões no primeiro semestre de 2024.

Esse dinheiro poderia ser facilmente canalizado para empréstimos a comerciantes de commodities, o que lhes daria uma nova fonte de capital que não está vinculada a bancos tradicionais. O crédito privado já começou a deixar sua marca no setor, e a Tether quer levá-lo mais longe.

O CEO da Tether, Paolo Ardoino, confirmou que a empresa está explorando ativamente oportunidades em finanças de commodities. “Ainda estamos nos estágios iniciais”, ele disse à Bloomberg.

À medida que a guerra na Ucrânia continua a causar grandes perturbações nos mercados de commodities, os comerciantes têm visto os preços oscilarem descontroladamente. Isso criou uma crise de liquidez para muitas empresas, mas também levou a lucros recordes para algumas.

A guerra também mostrou o quão dependente o setor de commodities é do dólar. O governo dos EUA usou essa dependência em seu benefício, impondo sanções que miraram exportações de recursos naturais de países subdesenvolvidos.

O que torna o pitch da Tether particularmente interessante é que eles não precisam jogar pelas mesmas regras dos bancos tradicionais. Os bancos precisam lidar com toneladas de regulamentações ao emprestar dinheiro, especialmente quando se trata de financiar negócios envolvendo matérias-primas.

Essas regras são projetadas para proteger os bancos de assumirem muito risco, mas também desaceleram as coisas. A Tether, por outro lado, não é limitada por essas regulamentações, o que significa que eles podem oferecer opções de financiamento mais rápidas e flexíveis.